MISTURA FINA

ALEXANDRE LUSO DE CARVALHO, ADVOGADO EM PORTO ALEGRE/RS - BRASIL

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Local: Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brazil

Caros amigos, estou aqui para trocar idéias sobre assuntos importantes, como Direito e, outros, nem tanto, mas muito agradáveis e que dão um tempero todo especial à vida. Aproveitemos essa interação virtual. Abraço a todos.

1.4.07

TIME OUT, A REVOLUÇÃO DE DAVE BRUBECK




Creio que todos têm fases em que ouvem mais um ou outro músico ou banda. Talvez isso ocorra num momento que lembre um algo especial da vida, talvez por um momento de percepção da sonoridade que cada um possui, talvez pelos dois motivos.

Ultimamente um dos músicos que mais tem tocado na minha “vitrola” é o jazzista Dave Brubeck. Tenho escutado muito o excelente “Time Out”. Cada vez que escuto percebo novas nuances dos arranjos perfeitos desse álbum, que revolucionou o panorama jazzístico. Destaca-se, sem sombra de dúvidas, a faixa três: “Take Five”. Absolutamente fantástica! Esse tema, de Paul Desmond transformou The Dave Brubeck Quartet (Dave Brubeck, no piano; Paul Desmond, no sax alto; Eugene Wright, no baixo e Joe Morello, na bateria) num campeão de vendas na época.

Para quem não conhece, Dave Brubeck, hoje com 86 anos de idade, é pianista de formação erudita (começou a aprender piano aos quatro anos de idade). Segundo o jornalista Hedrick Smith, Brubeck sofreu preconceitos no próprio meio jazzístico, pois, não se tolerava a idéia de um “branquinho simpático, pai de família, desenvolvendo jazz. (...) Imagine só. Um caubói da Califórnia, que estudou composição, arranjo e harmonia com o erudito professor francês chamado Darius Milhaud, resolve revolucionar a cena jazzística, amplamente dominada por heróis afro-americanos como Louis Armstrong, Billie Holiday, Lester Young, Duke Ellington, Charlie Parker, Dizzy Gillespie e Miles Davis.Pois é, mas ele conseguiu. Em 1954, Brubeck foi o primeiro jazzista a ganhar espaço na capa da famosa revista Time. Nem o próprio Brubeck achou a idéia muito sensata. Afinal, refletia ele, se estamos na década de 50 e vamos apresentar o jazz pela primeira vez ao mundo nada mais justo que colocar na linha de frente alguém como Armstrong, Ellington ou Parker. Porém, considerando um pouco mais, qual editor da revista Time, autêntico bastião da enorme classe média branca dos EUA, tinha peito naquela época para imprimir na primeira página a foto de um símbolo da sensibilidade e criatividade negra?” (www.jazzmais.com.br).

O álbum “Time Out”, em minha opinião, tem como característica principal a limpeza dos arranjos, o que os tornam extremamente dinâmicos e ao mesmo tempo sutis. Em minha opinião, para quem começa a se interessar por jazz é um dos melhores discos para que entenda o jazz (se é que é possível entender algo sensitivo), já que o virtuosismo e a complexidade dos arranjos não são suas características maiores, como a música de Charlie Parker, por exemplo.

Entretanto, Dave Brubeck obviamente não se restringe ao “Time Out”, porém é um álbum emblemático e sempre uma grande pedida para quem quer apreciar o jazz da mais alta qualidade.